terça-feira, 11 de outubro de 2011

Arriba Peru, com Astrid y Gastón!

Em Lima, o restaurante Astrid & Gastón, incluído na lista The San Pellegrino World's Best 50 Restaurants 2011, é um cápítulo à parte na gastronomia local. Representa muito bem a cultura peruana, e nos leva a um conjunto de sabores profundamente bem elaborados.

Cada mesa é um como se fosse um palco da gastronomia




Uma história de amor. Na vida pessoal e na cozinha. Astrid e Gastón Acúrio fundaram o restaurante em 1994, depois de abandonarem seus estudos - ela de medicina, ele de direito. Inicialmente mais afrancesado, hoje vemos uma grande experimentação dos ingredientes peruanos levados a um nível de sofisticação e criatividade que faz jus ao investimento do comensal em cada centavo no Menu Degustacíón Primavera 2011, no valor de 170 soles peruanos, ou 62 dólares, divido em 10 etapas a serem provadas durante 3 horas.

Tudo começa assim...

Tabuleiro de pães caseiros


Manteiga, azeite e azeitonas marinadas


Pães de vários sabores e textutas. Um coquetel de Pisco com frutas típicas. Estava tudo no pacote. Vamos ao primeiro prato:

La Mashua - Que queria ser un carocol
Um quase-caracol do mar, "pero más grande", com um caldo agridoce, algas marinhas e espuma de limão foi nosso começo.

Logo após fomos surpreendidos com o posicionamento de uma caixa à mesa e a sentença: "Eso és nuestro tesoro!"

Ocas - Para Flora Tristán


Batatas típicas deliciosamente assadas com ervas locais e uma espécie de farofa de azeitonas pretas. Na panelinha, o molho Huancaina.

Pulpo - Atrapado en un cilindro

O terceiro prato foi um dos que mais encantou. A textura e o sabor do polvo estavam divinos. Abaixo, o Cuy - um porquinho típico do Peru - vinha sobre essa massinha, então podíamos enrolá-lo e passar no molinho da parte superior do prato.

Cuy - Disfrazado de chino 

Choclito - Rebelde con causa
 O Peru é produtor de inúmeras varieades de milho. Acima, ele veio com moela e um molho leve, à base de fundo de ave.


Causa con pescadito
 Em se tratando de mar, eu sou o próprio Netuno! Amo todos os frutos do mar, mas como toda regra tem sua exceção... Eu de-tes-to ouriço-do-mar. O sexto prato seria Erizos - De vacaciones, gentilmente trocado pelo maitre Ricardo. Recebi o prato acima, um peixinho empanado com a causa, uma espécie de purê de batata frio.


Ouriço-d-mar fresco do Grand Central Oyster Bar (NY)
 Para que não digam que nunca provei, sim, já o fiz. E realmente não gosto! Entretanto, o estabelecimento que o serviu, o Grand Central Oyster Bar, em Manhattan, está em minha lista de programas imperdíveis para um fim de tarde na Big Apple. Palavra de novo-yorkino!

Mas voltando ao Astrid y Gastón, parece que eles realmente gostam do tal molusco que tenho ojeriza.


Cebiche del Amor - Y sus leches de tigre por si no funciona
 O sétimo prato da degustação também tinha ouriço na base. Desta vez, dei sorte na troca, a substituição veio incrível. Uma vieira grelhada com espuma de limão, tão singela, tão cheia de sabor.
 

Saint Jaques grillé avec espuma de citron

Un paseo por el Lago Titicaca
 A inspiração poética para o prato acima não me surpreendeu, o cabrito assado no centro do prato não era lá essas coisas. Em breve, sei que o critério da comparação não é o melhor, até porque são propostas diferentes, vou comentar a degustação do cabrito servido pelo restaurante Central, do Chef Virgilio Martinez, uma culinária mais contemporânea, mas o bichinho era algo dos deuses. Gracias à indicação de Fernanda Meneghetti, uma nova querida, que conheci em Lima, ela vem a ser a editora de nossa também querida revista Gula.


Papas con Bistec - Y no bistec con papas
 Aqui a cozinha me vitimou. A carne tinha nervos, gordura, apesar de outras pessoas na mesa terem recebido pedaços marmorizados. Mas me deliciei com as batatas em diferentes versões.

E, ufa! Finalmente as sobremesas... Mas antes, olhem que belas flores no salão... Como canta Tim Maia... É primavera... Te amo!





Cris Couto no reflexo - http://criscouto.folha.blog.uol.com.br/ 
 As belas taças repletas de um vinho da bodega patagônica del Fin del Mundo (minha favorita ao lado da Catena Zapata, dentre as argentinas, bien sûr). Vinho escolhido pela expert Cris Couto, que tem seu blog hospedado na folha.com. Sintonia perfeita! Oh moça inteligente, cheia de embasamento a respeito de tudo! Fã declaro, soy yo!


Minhas companheiras de mesa - Cris Couto e Amanda Moreira Lima, faltou Regina Celia Mendonça Lima, que já havia partido para o aeroporto no meio da orgia gastronômica.

Y entoncés, vamos a los postres...


Canelón Coqueto - Kiwicha, sacha inchi, manzana confitada, ají amarillo y naranja


Platanos enjaulados dulcemente - Tapioca de coco, helado de queso de cabra, frejol de la tia Rosa y salsa de cacao
 As sobremesas, além de visualmente belíssimas, eram deliciosas, com destaque para o sorvete de queijo de cabra. Mas o grand finale estava por vir.













No fim das contas, Ricardo se aproximou da mesa quase gritando: "Se van a tragar todo!" A brincadeira causou risos, mas essa casinha de docinhos definitivamente foi uma das coisas mais lindas e inspiradoras que já vi em um restaurante com a finalidade de arrebatar com emoção uma refeição.

Mas não acaba aqui, fomos encaminhados pelo maitre Ricardo a um visita à cozinha.


E os cozinheiros ali firmes e fortes em seu ofício. Tínhamos de agradecê-los! Que importa um deslize ou outro... Endurecer si, perder la ternura jamás. al fin, hay que dicir: Vida longa a Astrid y Gastón!!! Sem dúvidas, entra para a minha lista HRR - Highly Recommended Restaurants!!!


Um comentário:

  1. Vc escreve muito bem Caio, um dia quero ser assim também!!!!
    Viajar como vc porque não???
    Sonhar não paga impostos rsrs

    ResponderExcluir